Filosofia e Existência

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

segundo degrau (1 a 6) ... O desapego

O desapego

1) O homem que realmente ama o Senhor, que fez um esforço real para encontrar a vinda do Reino, que começou a ser incomodado por seus pecados, que é realmente consciente do tormento eterno e do juízo final, que realmente vive no temor de sua própria partida, não amará, cuidará ou se preocupará com dinheiro, posses, parentes, glória mundana, ou amigos, ou irmãos, ou qualquer coisa na terra. Mas tendo sacudido todos os laços com as coisas terrenas, e tendo se despido de todos os cuidados, chegando mesmo a odiar a sua própria carne, e despojando-se de tudo seguirá a Cristo sem ansiedade ou hesitação, sempre olhando para o céu e esperando ajuda de lá, de acordo com a palavra  do santo homem: a minha alma te segue de perto (Salmo 63, 8) e de acordo com o autor sempre memorável , "não tenho cansado de seguir-te, nem tampouco desejei o dia do repouso, o Senhor!" (Jeremias 17, 16).

2) Depois do chamado, que vem de Deus e não do homem, deixamos tudo o que foi mencionado acima e é uma grande desgraça para nós nos preocuparmos com qualquer coisa que não possa nos ajudar na hora de nossa necessidade, isto é, na hora de nossa morte. Pois como o Senhor disse isso é olhar para trás e não estar apto ao Reino dos Céus. Sabe-se quão inconstantes são os noviços e quão facilmente se voltam para as coisas do mundo através de uma visita, ou estando com pessoas mundanas, quando se diz, por exemplo, "deixe-me primeiro enterrar meu pai", e o Senhor responde, "deixe que os mortos enterrem seus mortos". (Mateus 7,22).

3) Após nossa renúncia do mundo, os demônios nos sugerem que devemos invejar aqueles que vivem no mundo que são misericordiosos e compassivos, e que devemos nos lamentar como desprovidos de tais virtudes. O objetivo de nossos inimigos é, por falsa humildade, fazer com que retornemos ao mundo, ou então, permanecendo monges, caiamos no desespero. É possível menosprezar menosprezar os que vivem no mundo da vaidade; é também possível rebaixá-los dando-lhes as costas, o que evita o desespero e faz surgir a esperança.

4) Ouçamos o que o Senhor diz ao jovem homem que havia cumprido quase todos os mandamentos: "Uma coisa te falta; vende tudo o que tens, dá aos pobres, torna-te um mendigo que recebe esmolas dos outros". (Marcos 10,21).

5) Tendo resolvido salvar nossa linhagem com ardor e fervor, consideremos cuidadosamente, como o Senhor julgou todos os que vivem neste mundo, falando dos vivos como se estivessem mortos, quando Ele disse a alguém: "Deixe que os mortos enterrem seus mortos". A riqueza não impede que alguém seja batizado. Por causa do batismo não estamos obrigados a vender nossas posses. Mas ao fazer o que está além do voto, temos garantia mais firme da glória futura.

6) É digno de nota investigar porque aqueles que vivem no mundo e passam a vida em jejuns, vigílias, esforços, dificuldades quando se retiram do mundo e entram para  a vida monástica, como se algum obstáculo se interpusesse,  não mais continuam a espúria e fraudulenta disciplina ascética que possuíam. Vi como no mundo plantaram diferentes plantas de virtude, todas regadas pela vanglória, pela ostentação e adubadas pelo louvor. Mas quando transplantadas para um solo de deserto, inacessível às pessoas do mundo e por isso não regadas pela água fétida da vaidade, secaram imediatamente. As plantas que gostam desta água não produzirão frutos em campos áridos e duros.

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