Filosofia e Existência

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domingo, 16 de fevereiro de 2014

primeiro degrau (8 a 19)... continuação

Continuação do post anterior...

8) Aqueles que visam ascender com o corpo ao céu, necessitam de fato violência e sofrimento constante especialmente nos primeiros estágios de sua renúncia até que suas disposições para os prazeres e seus corações insensíveis obtenham o amor de Deus e a castidade pelo lamento visível. Uma grande luta, muito grande mesmo, com muito sofrimento invisível, especialmente para aqueles que vivem de qualquer jeito, chegar-se à simplicidade, à profunda mansidão e diligência, ao amor da castidade e da vigilância. Nossa mente é um cão guloso viciado em latidos. mas nós que somos fracos e cheios de paixões temos a coragem de oferecer nossas enfermidades e fraqueza natural a Cristo com firme fé e confessando-se a Ele: e estejamos certos que obteremos ajuda, mesmo para além de nossos méritos, se formos incessantemente direto ao  abismo profundo da humildade.

9) Todos os que entrarem no bom combate, que é difícil e estreito, mas também leve, precisam compreender que precisam saltar para o fogo, se eles realmente esperam que o fogo celestial lhes habite. Mas que cada um se examine a si mesmo e assim como o pão com suas ervas amargas e beba o cálice de suas lágrimas para que seu serviço sirva como seu próprio julgamento. Se todos os que foram batizados não forem salvos- farei silêncio sobre o que vai seguir-se.

10) Aqueles que entram nesta luta devem renunciar a todas as coisas, desprezá-las, rir-se delas, sacudi-las, a fim de que possam estabelecer um firme fundamento. Uma boa base de três camadas e três pilares é a inocência, o jejum e a temperança. Que todas as criancinhas em Cristo comecem com estas virtudes, tendo como modelos os bebês naturais. Pois nunca se encontra neles algo dissimulado ou enganoso. Eles não têm nenhum apetite insaciável, nenhum estômago insaciável, nenhum corpo em chamas; no entanto, à medida em que crescem, na proporção em que tomam mais alimento, suas paixões naturais também aumentam.

  11) Abandonar a luta logo de início e assim fornecer ocasião à derrota é coisa muito odiosa e perigosa. Um firme começo é certamente útil quando crescidos. Uma alma que é forte no começo e depois relaxa é estimulada pela memória de seu antigo zelo. E por este caminho poderá obter novas asas.

12) Quando a alma se trai e perde o abençoado e longânime fervor, investigue cuidadosamente a razão para perdê-lo. Arme-se com todo o seu desejo e zelo contra aquilo que causou tal perda de fervor. Pois o primeiro fervor só pode ser recuperado através da mesma porta pela qual foi perdido.

13) O homem que renuncia ao mundo com medo é como um incenso em chamas, que começa com fragrância mas termina em fumaça. Aquele que deixa o mundo com esperança de recompensa é como uma pedra de moinho que sempre se move no mesmo sentido. Mas aquele que se retira do mundo por amor a Deus obteve o fogo logo de início; e como o fogo é combustível, logo logo ele acende um fogo maior.

14) Alguns constroem tijolos em cima de pedras. Outros estabelecem pilares em cima do chão. Há aqueles que vão curtas distâncias e tendo esquentado suas articulações vão mais rápido. Quem puder entender essa palavra alegórica que entenda.

15) Vamos avidamente executar o nosso chamado como homens convocados por nosso Deus e Rei, já que nosso tempo é curto, para que não sejamos encontrados no dia de nossa morte sem frutos e perecendo de fome. Agrademos ao Senhor como soldados agradam seu rei, porque somos obrigados a prestar contas de nosso serviço após a campanha. Temamos ao Senhor não menos do que tememos as feras. Pois conheci homens que iam roubar e não temiam a Deus, mas ouvindo o latido de cachorros, voltaram atrás. Assim, o que não foi obtido pelo temor a Deus o foi pelo medo dos animais. Amemos a Deus pelo menos na mesma medida em que amamos e respeitamos nossos amigos. Pois eu vi frequentemente pessoas que ofenderam a Deus e não estavam perturbadas acerca disso. E vi como aquelas mesmas pessoas provocaram seus amigos em alguma questão insignificante e depois empregaram todo artifício, dispositivo, sacrifício, pedido de desculpas, pessoalmente ou através de seus amigos e parentes, não poupando presentes, a fim de recuperar seu antigo amor.


16) No início de nossa renúncia é certamente com labuta e tristeza que praticamos as virtudes. Mas quando fazemos progressos nós não sentimos lamento, ou o sentimos apenas um pouco. Mas assim que nossa mente mortal é consumida e dominada por nosso entusiasmo, nós o praticamos com alegria e prontidão, com amor e fogo divino.

17) Aqueles que de uma só vez desde o início seguem as virtudes e cumprem os mandamentos  com alegria e entusiasmo, certamente, merecem elogios. E do mesmo modo, aqueles que passam muito tempo em asceticismo e acham um fardo obedecer aos mandamentos, quando obedece a todos eles, merecem, sem dúvida, piedade.

18) Não abominemos nem condenemos a renúncia que ocorre devido apenas às circunstâncias. Encontrei homens que foram para o exílio se encontrar com o imperador quando este estava em viagem, gozando de sua companhia, de seu palácio, jantando com ele. Vi sementes caindo em terra e dando frutos. Vi também o oposto. Vi pessoas chegando ao hospital por algum motivo, mas a cortesia e doçura do médico vieram a ele, tratando-o com adstringente e curando-lhe a cegueira dos olhos. Assim o  não intencional é mais forte e seguro em alguns e o intencional em outros.

19) Que ninguém, apelando para o peso e multidão de seus pecados, diga que não é digno do voto monástico, e por amor ao prazer se menospreze, desculpando-se com escusas seus pecados. Onde há muita corrupção é necessário um tratamento considerável para se retirar toda a impureza. O saudável não vai a um hospital.

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