Filosofia e Existência

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domingo, 9 de agosto de 2015

Continuação... quarto degrau

115 - É impossível para aqueles que aprenderam um ofício de todo coração não progredir nele diariamente. Mas alguns sabem o seu progresso enquanto outros, pela divina providência, o ignoram. Um bom banqueiro nunca deixa de contar seu lucro ou perda no fim da noite. Mas ele não pode saber disso a cada instante, a menos que não pare de consultar seu caderno. Pois a conta de cada hora explica a conta diária.
116 - Quando uma pessoa tola é acusada ou agredida, ela tenta contradizer ou desculpar seu agressor, apenas para que parem as acusações, e não por humildade. Mas quando ela é ridicularizada e permanece em silêncio, recebe pacientemente estas cauterizações espirituais, ou melhor, estas chamas purificadoras. E quando o médico finaliza, então ele pede seu perdão, pois com ira, ele não o fará.
117 - Enquanto lutam contra as paixões, nós que vivemos em comunidade, lutamos a cada hora especialmente contra estas duas: ganância do estômago e irritabilidade; pois em uma comunidade há muitas possibilidades de alimentar estas duas paixões.
118 - O maligno sugere para aqueles que vivem na obediência o desejo por virtudes impossíveis. De modo similar, àqueles que vivem na solidão ele propõe ideias inadequadas. Esquadrinhe a mente de pessoas inexperientes e você encontrará entre os que vivem em comunidade pensamentos distraídos do tipo: desejo por quietude, por jejum estrito, por oração ininterrupta, para se livrarem totalmente da vaidade, por uma lembrança constante da morte, por compunção contínua, para se livrarem da ira, por silêncio profundo, por uma pureza insuperável. E se pela divina providência eles não têm como prosseguir com isto, eles correm em vão para outra vida e são enganados, pois o inimigo insta-os a procurar estas perfeições prematuramente, para que percam a perseverança e não a obtenham no devido momento. Mas para aqueles que vivem na solidão o mentiroso exalta a hospitalidade, seu serviço, seu amor fraterno, a vida comunitária, a visita aos doentes. O objetivo do diabo é tornar a todos impaciente.
119 - Apenas uns poucos (e é verdade o que eu digo) podem viver na solidão. De fato, apenas aqueles que obtiveram a divina consolação para encorajá-los em seus trabalhos e a divina cooperação em suas lutas.
120 - Julgaremos a natureza de nossas paixões e de nossa obediência e escolheremos nosso pai espiritual de acordo com elas. Se você está propenso à luxúria, então não escolha como seu mestre um taumaturgo que esteja sempre pronto com uma recepção e uma comida, mas de preferência um ascético de quem você nunca ouvirá consolação com a comida.

Um comentário:

  1. Muito bom... Você está usando a tradução em espanhol (editorial Lumen?)

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